Transtornos
Soltos em ruas e calçadas, fios de rede fazem parte da paisagem de Pelotas
Além de piorar a imagem da cidade, os cabos atravessados em calçadas e ruas trazem riscos de acidente com veículos e pedestres
Foto: Carlos Queiroz - DP - Fios de rede soltos causam receio na população
Por João Pedro Goulart
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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)
Parte do cenário da cidade, os fios de rede soltos são um problema que há muito tempo não tem solução em Pelotas. Atravessados na altura dos pedestres e veículos, caídos em ruas e calçadas ou emaranhados nos postes e placas, os cenários em que as fiações se encontram variam. O que nunca muda é o fato da sua existência, praticamente, em qualquer ponto, tanto no Centro como nos bairros, causando problemas ao trânsito, riscos aos pedestres e evidenciando uma paisagem nada harmoniosa.
Na tarde de quarta-feira (10), uma breve circulada da reportagem já foi suficiente para encontrar casos que se destacam pela dimensão e risco. No cruzamento entre a avenida Bento Gonçalves e a rua General Osório, um fio de cerca de 30 metros encontrava-se amarrado ao poste que fica em frente a uma igreja. De acordo com o frentista do posto de combustível da esquina, João Pedro Dias, 22 anos, a passagem de um caminhão de médio porte no mesmo dia levou à soltura do conjunto de fios de internet ou telefone. Após o acontecido, os agentes de trânsito foram ao local e amarraram os cabos ao poste mais próximo para restabelecer o fluxo de veículos sem algum risco. "Os azuizinhos [Agentes de Trânsito] estavam aí e puxaram os fios para lá", contou. Outro morador que passava por ali revelou ter visto até dez vezes algum tipo de problema semelhante com fios naquele ponto.
Morador do bairro Porto, o frentista aproveita a oportunidade para relatar outro exemplo de fios desprendidos na cidade, que se mantém da mesma forma há mais quatro anos. "Na Gomes Carneiro, perto do Anglo, tem um monte de fios jogados. Tem fio que passa na linha do peito da gente na calçada, quando a gente caminha", relata Dias. O frentista já presenciou alguns casos de pessoas que envolveram os pés nos fios atirados e quase caíram. Além disso, alguns aparentam estar desencapados, e nada impede que eles estejam em contato com alguma fonte de energia, o que pode ocasionar em choques elétricos.
Solução popular para os riscos
Mais distante dali, na avenida Ferreira Viana, o morador Veimar Bilhalva, 71 anos, teve que tomar a providência de amarrar junto à cobertura do ponto de ônibus quatro cabos que estavam caídos fora do alinhamento da rede. "Eu tive que amarrar essa fiação mais baixa em cima da casinha, porque não dava nem para o ônibus encostar aqui. Ele tinha que ficar mais avançado na pista para poder pegar os passageiros, os fios estavam todos arriados". Ele expõe que o problema surgiu depois da mudança na iluminação, com a troca dos postes, há oito meses. Por conta disso, até mesmo um acidente foi presenciado por Bilhalva. "Uma carreta desceu dessa rua, aí os fios estavam baixos, enganchou os fios na carreta e derrubaram um cara de moto, mas ele até não se machucou muito graças a Deus", relatou.
Fios sem utilidade
Há cerca de 15 dias, a rua Andrade Neves, entre as ruas Major Cícero e Senador Mendonça, foi local de uma queda de fio que atravessava a rua de um lado para o outro, apresentando um risco alto para motoristas, principalmente de motocicletas. Com a ida dos agentes de trânsito ao local, o fio foi repartido e pendurado no poste. Sacos plásticos, que foram utilizados para sinalizar a presença do fio, ainda restam amarrados ao cabo. Nei Carvalhal, de 67 anos, mora exatamente na frente de onde os restos do fios estão, e diz que já entrou em contato com a CEEE Equatorial, sendo informado que a companhia resolveria o problema. Até então, nada foi feito. "Não existe lei para tirar isso aí. Nesse poste, 90% dos fios não tem utilidade, não funciona para nada. É uma prostituição esses fios. O certo era que quando desligasse o ramal, tirasse o fio", opinou Carvalhal.
O que diz a Prefeitura
Conforme a secretária de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana, Carmen Vera Roig, Pelotas ainda não possui uma legislação municipal acerca dos cabos abandonados e rompidos. A norma jurídica encontra-se em elaboração, integrando uma ação estratégica, que está sendo elaborada pelo governo, com diversos parâmetros de atuação, visando a resolução do problema, por meio de identificação e responsabilização dos envolvidos, conforme informa o Secretário de Governo, Fábio Machado. Em recente reunião com o vereador Paulo Coitinho (Cidadania) e a Prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) o tema foi abordado.
A CEEE
Em contato com a assessoria de comunicação da CEEE Equatorial, foi informado que a responsabilidade pela maioria dos cabos caídos é das operadoras de telecomunicações (telefonia e internet), que utilizam os postes da CEEE Equatorial para sustentar suas redes. Cabe a estas empresas recolher os cabos sem utilização ou fora dos padrões de segurança. A CEEE Equatorial diz que busca notificar as empresas responsáveis sempre que constatar cabos nestas situações.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já conta com legislação que trata deste tema, determinando as condições para a instalação dos cabos, bem como as responsabilidades pela sua manutenção. Desde o ano passado, Aneel e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) trabalham na formulação de uma legislação conjunta, que permita avançar na solução do problema.
A CEEE Equatorial notifica as empresas de telecomunicações para regularizar tecnicamente a sua instalação. Para isso, porém, é necessário que os ocupantes (empresas de telecomunicação) executem as ações necessárias após a notificação emitida pela Distribuidora de modo que identifiquem as suas instalações e retirem o risco de acidente com a população.
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